What: Terapia, após 18 anos em coma. Who: (me) Alexandre Sampaio, 18 anos - 36 anos. When: 12 Novembro 1989 - 3 Março 2008. acidente de automóvel. Só me lembro de ser noite, eu vinha com os meus pais, estava deitado no banco de trás no carro, e olhava as estrelas pelo vidro. Depois… acordei e tinham passado 18 anos, assim como se fosse uma noite apenas. Where: Vivíamos em Viseu, fomos passar um fim-de-semana a casa de um primo, em Samora Correia, perto de Vila Franca de Xira. Recordo-me da casa como se fosse hoje, cheia de coisas da anterior inquilina, que o meu primo e os vizinhos diziam que ela tinha abandonado. Não se sabia sequer do paradeiro da senhora, contavam-se histórias, e eu estava fascinado com aqueles objectos: sapatos, roupa, fotografias, relógios, correspondência, agendas pessoais, etc. Então pedi para trazer alguns materiais comigo, queria investigá-los, descobrir alguma coisa. Why: Tenho sido acompanhado por uma equipa de médicos e terapeutas. (O mundo mudou imenso.-transformado pelo post que aqui acompanha) O mundo não mudou muito, os problemas parecem os mesmos. Claro que vejo como a tecnologia vos permite um sem número de possibilidades, é incrível! E é tudo muito rápido, tudo acelerado não é? Mas não me foi difícil habituar, foi como desejar ver o futuro e consegui-lo, excepto pela família e amigos: estamos todos mais velhos e há sempre uma sensação de um vazio na nossa história. Mas acho que tive muita sorte, estou vivo. Por muito estranho que pareça, quando acordei pensei imediatamente no trabalho que havia interrompido, naquela mulher que havia adormecido comigo, e os terapeutas incentivaram-me muito a continuá-lo. Hoje a casa já nem existe: construíram um hotel.
16.7.08
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1 comment:
Não perdeste nada, nesse teu sono prolongado.
Em 18 anos, o mundo não mudou. Apenas a nossa visão dele, a máscara:
Os mesmos crápulas, ladrões, violadores, só que com outros métodos e outras roupas;
Os mesmo cenários de guerra, com outros ou até os mesmos protagonistas;
Os mesmos diplomatas a negociar a paz que não desejam e vão adiando;
Os mesmos exploradores da miséria humana, com o objectivo de a tornarem mais miserável, pois dela se alimentam;
Os mesmos pregadores de uma nova ordem, vivendo da exploração dos crentes;
A mesma persistência em destruir o que temos de bom.
Nada mudou, em 18 anos.
Não perdeste nada.
Nós, os que cá estávamos, é que perdemos a tua companhia, nessa noite prolongada. Obrigado por teres voltado.
AAA
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