vou a tua casa e tu não estás
abro a porta. as mesmas caixas que embalei na semana anterior. intactas.
todo o corredor cheio de ti. à tua espera. à minha espera. (à vossa espera.)
abro a porta. tu não estás. não sei porque partiste nem se regressarás.
e tudo deixaste. (tudo foi o que guardei.)
entro na minha-tua casa. reabro as caixas. (procuro saber de ti)
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"Uma casa que fosse um areal
deserto; que nem casa fosse;
só um lugar
onde o lume foi aceso, e à sua roda
se sentou a alegria; e aqueceu
as mãos; e partiu porque tinha
um destino; coisa simples
e pouca, mas destino
crescer como árvore, resistir
ao vento, ao rigor da invernia,
e certa manhã sentir os passos
de abril
ou, quem sabe?, a floração
dos ramos, que pareciam
secos, e de novo estremecem
com o repentino canto da cotovia"
E.A.
http://www.youtube.com/watch?v=hlfAACD3z_Y
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